terça-feira, 3 de setembro de 2013

Um cão

Um cão me encontrou na manhã de domingo.
Me cheirou como novo, fungou meu rosto e se virou.
Continuou andando e tentando descobrir os cantos do parque,
enquanto sua deusa o olhava atentamente.

Nesta hora, dos seus braços, as borboletas saltaram em minha direção,
entrou nos meus olhos,
me cegou com encanto,
entupiu meus ouvidos,
minha própria voz já não escutava.

A cegueira, a surdez,
faz de mim, hoje,
um homem livre.



Rafael Cunha


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