sábado, 27 de junho de 2009

Verde

Esta é a mulher de verdade.
Soa de um jeito suave aos ouvidos, mesmo com sons altos.
Corre delicadamente na direção do fogo,
e me ama todos os dias em diferentes lugares.

Corajosa, arde com o amor,
renasce nas cinzas como um dragão.
Voa nos meus céus de desejos,
e me entorpece com as papoulas do seu jardim.

Faz de mim um anfíbio,
para viver entre as águas e a terra.
Seduz meus olhos nesta terra de faz de conta.
Para me fazer perder na realidade.

Grita para os outros, todo o amor que tens por mim.

Rafael Cunha

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Loteria

Ela é pintada.
Pede para que eu jogue todos os meus amores no seu cofre.
Pede para lotar sua alma de alegria e moedas.

Compara minhas notas, para ver o quão és verdadeira.
Aceita meu sorriso, com bons ares, o devolve com um bom dia.

Rafael Cunha

terça-feira, 16 de junho de 2009

Recordações

Depois que nossas almas se esvairam pelas ventanias,
somos dispostos ao relento.
Viramos o sereno da noite estrelada
e o orvalho das gramas brancas pela manhã.
Para depois evaporar com o calor das suas pernas.

Rafael Cunha

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Istambul

Nos topos de ponta de cebolas.
Nas abóbadas de abóboras misturadas a sementes salgadas pelo mar.
Deliciosa é sua forma.

Lá longe, ali parada, ela fala com os pequenos querubins em suas lâmpadas pedindo para que eu volte para seus braços.
Com misericórdia, urra para que eu deite em seu colo.
Quer que eu volte para o expirar no seu pescoço e o sopro no seu ouvido.

Sussurra para os anjos.
Pede a eles segredo.

Já que, anos nos separam e outras vidas nos atormentam.

Eu digo:

- Volto com uma condição.
Que me ame até o último sentido. Me queira até o último gole.
Deseja-me para o sempre, como eu cego querendo ver, como eu surdo querendo ouvir, como eu morto querendo viver para ter-te mais uma única vez.

Rafael Cunha

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sustentável

Ela é a coroa das rainhas e reis.
Outras mulheres produzem o mel para que ela tenha tamanha beleza.

Os ursos se lambuzam com seu doce e cospem os favos derretidos.
Se fazem dóceis e sinceros, para largá-la sem sua ternura.

Ela se renova.
Cai em quedas d'água, voa por entre as montanhas e mergulha em lavas vulcânicas.
Assiste aos ursos serem caçados.

E lá de cima, dentro de nossas mentes e no alto de nossas cabeças, nos provocam e nos fazem pensar como seria se tivéssemos somente ela.

Nela o amor será sempre uma fonte renovável.

Rafael Cunha