segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Formigas

Carregue milhares de folhas,
uma árvore, quem sabe.

Caminhe quilômetros sem água
ou metros sem açúcar.

Também mostre infinitas soluções de nozes,
bolos e mel.

Doe uma cereja para a rainha.
Deposite tudo na dispensa da sua casa.

Não se preocupe.

Niguém saberá quem a fez,
quem a buscou ou
quem a colocou.

Com absoluta certeza ela lembrará de quem a indicou o caminho desta fonte de mel.

Rafael Cunha

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pai

Corais que desabrocham em pedras vulcânicas.
Amor de um pai.
Antes de Deus o meu pai.

Acordava para me ver,
trabalhou para me ver nascer,
desistiu para me ver crescer.

Este é o meu pai.

Que me anima a qualquer hora.
Que dança em qualquer palco.
Faz de mim o seu palhaço para a vida alegrar.

Deixe que eu seja agora,
para no milésimo de um piscar
o seu sorriso surgir.

O meu pai mais lindo que um polvo de abraço.
Nos seus braços para sempre.
Todas as felicidades terá somente nós dois.

Rafael Cunha

sábado, 8 de novembro de 2008

Amèlie

Quero ouvir o silêncio.
Ouvir seus gritos e sua confusão.
O ouvir falar de mim e de você.

Ouvi-lo o dia inteiro, a noite,
pelas estradas de onde vim e pelas curvas que farei.

Ouvir o silêncio
aguça o olfato e cria esperança.

A que amo,
A que quero,
Com quem não vou ter mais meus filhos,
A que me solta no ar.

Faço silêncio para ouvi-lo gritar.
Faça silêncio.

Na noite, no dia,
na tarde em que as nuvens tomam o céu como água.
Sem me perguntar se ainda estou com sede.

Ah o silêncio!

Grita nos meus ouvidos,
Bate no peito e me leva a alma.
Neste meu peito vazio e pequeno.

Se não fosse nascer,
continuaria em silêncio.
Para eternidade o silêncio,
Para a minha cadela o silêncio.
Para o meu amor o silêncio.
Para minhas plantas o silêncio.

Tudo está quieto.
Meus olhos estão em silêncio,
meu corpo teima em ficar quieto,

Rogo para que ele grite sua força,
Na alma de um amor eterno.
A única parceira.

Gritaria o silêncio para a escuridão desta tarde.

Durma para acordar para eternidade.

Rafael Cunha

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Oferenda

Tome minhas coisas, beba minha força, mas jamais tomará da minha alma.

Rafael Cunha