quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sobrevida

Nasci no meio das folhas verdes de Dezembro.
Morri nas folhas secas de Julho.

Virei a pedra-sabão dos apóstolos,
desci os morros das minas para ir à bacia do prata.
De lá não extrai ouro.
Achei um só metal, um punhal com ferrugem.

Me perdi no meio das covas e das cruzes,
desrespeitei meus avós,
não me apaixonei novamente.

A mulher dos meus versos ficou para trás.
Ela, com sua mala,
partiu no trem para o pacífico sem me avisar.

Levou consigo;
as minhas amoras,
os meus cabelos,
minhas filhas,
a fé e minha alma.

Suspirei nos antigos versos.
Por você dourada.

Rafael Cunha

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